PELO QUÊ VOCÊ LUTA?

Quase meio século se foi e me questiono.

Não pelo que fiz ou não fiz, mas se valeu a pena fazer do jeito que fiz.

Se fiz pouco ou não fiz certo. Se valeu à pena abrir mão.

Se valeu a pena ser justo, rígido e tão convicto. Se valeu a pena ter bons valores e princípios.

A velhice está chegando, os meus objetivos ficaram pela metade e eu tenho que me contentar em esperar o tempo passar?

E quando passar?

Pelo que lutei?

Será que lutei ou simplesmente deixei acontecer acreditando que um dia tudo ia se resolver e acontecer do jeito que “deveria” ser?

Será que não está do jeito que deveria ser?

Ou será que está do jeito que deixei ser?

Quantas vezes lutei pelo sim?

Como lutei pelo sim? Lutei?

Vamos ser, vamos fazer, temos que ser assim, temos que planejar, construir, temos que ter base sólida...

Solidez. O que é a solidez da saúde, do trabalho, do relacionamento?

O que determina a solidez e justifica o descanso, a inércia?

Quantas vezes lutei pelo não?

Como lutei pelo não? Lutei?

Dizer não é a coisa mais difícil, principalmente para quem se ama.

Você sabe que deve, mas fica acreditando que depois há como rever, concertar. O importante é não contrariar, não magoar a quem se ama. Mas... e depois?

Pior ainda é ter de admitir o erro de não ter dito não. De ter deixado “rolar”.

Descobrir qual a sua verdadeira razão de ser e de viver é fácil.
É fácil determinar o que se quer.

Difícil é trilhar o caminho certo.

E é nos descaminhos maquiados de caminhos que muitos de nós nos perdemos e nos acabamos.

Quando se enxerga isso, pode ser tarde.

As vezes tarde de mais, as vezes nem tão tarde.

A verdade é que nunca se constrói do tamanho e com a qualidade que outrora poderia ter construído.

Nunca se replanta num jardim a mesma quantidade de flores que outrora poderia ter sido plantada.

A verdade é que nunca se recupera o tempo perdido.

Perdido?

Pelo que você luta? Como você luta?

Ou será que você acha que luta, mas apenas está a deixar as coisas se ajeitarem?

Edmilson de Souza - o Ed