Estarmos preparados para isso requer que abandonemos, por sua vez, o ideal iluminista de progresso contínuo. O iluminismo como teoria do esclarecimento pretende chegar naquela luz que cega, mas a consciência humana não trabalha fora do contraste. O maniqueísmo é a moralização daquilo que nos faz o que somos, ou seja, é a escolha de um lado daquilo que nos constitui a partir de vários lados conflitantes, complementares, contraditórios e conciliadores. A escolha é “moralista” e não ética nem política.
O que relegamos historicamente às sombras é também aquilo que nos constitui próprios para o esclarecimento intencional, propositado e interessado, mas sem o que jamais saberíamos onde nem porquê andar, caminhar, ir em frente (em frente? – não… para qualquer lugar).
Curiosamente o que Kant observa só é possível nos colocando acima da dualidade e, talvez, nos situando na Penumbra: aquele interstício entre luz e sombra que nos amplia os horizontes e nos faz senhores do contraste que precisamos para enxergar o que nos é útil.
Esse jogo, como a dança das sombras, nos leva a considerar todo ponto de vista em negociações coletivas para um bem comum que nos satisfaça no singular. Quando é que nós nos aperceberemos da importância da diferença e da diversidade para traçar caminhos que beneficiem a todos de acordo com as contingências?
Por Gilberto Miranda JR.
Referências Bibliográficas
ADORNO, Theodor W., e Max HORKHEIMER. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro, RJ: Zahar Editora, 1985.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 47ª Edição. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2005.
KANT, Immanuel. Resposta à Pergunta: O que é esclarecimento? "Aufklärung" - in Textos Seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.
Para ler o texto completo de Kant, clique aqui > > Kant - o que eh esclarecimento.pdf

 

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