29 de dezembro de 2011

DINO GALVÃO BUENO lança seu 1º disco aos 68 anos



RIO - Serena, pausada, em volume baixo, a voz de Dino Galvão Bueno não lembra a de seu famoso sobrinho narrador. Ela traduz não só seu jeito de tocar e compor, cuja matriz é a bossa nova, como a forma com que conduz a carreira: só agora, aos 68 anos, o músico paulistano está lançando seu primeiro disco, "Mestre navegador".
— Eu me formei em psicologia e resolvi investir nesse caminho profissional, pois traria retorno financeiro mais rápido — conta ele, que se tornou professor universitário e consultor de carreiras, reengrenando aos poucos na música a partir da década de 1990. — Vi que estavam acontecendo uns pocket shows do pessoal jovem com canções da bossa nova. Pensei: deixa eu dar uma contribuição mostrando como se tocava na época.
Dino era um violonista adolescente e autodidata quando conheceu Carlos Lyra e ficou fascinado com sua maneira de tocar. São amigos até hoje, tanto que há um texto do autor de "Minha namorada" no encarte do CD.
— E depois ouvi João Gilberto. Você pode imaginar o que aconteceu com a minha cabeça, não? — lembra Dino, logo convertido à bossa nova.
Passou a ser associado à chamada "segunda geração da bossa nova paulista", a que veio depois de Johnny Alf (carioca radicado em São Paulo) e Válter Santos (baiano de Juazeiro, tal qual João Gilberto). Seus colegas de turma eram, dentre outros, Theo de Barros, Sérgio Augusto e Adylson Godoy, amigos até hoje e parceiros de Dino em três faixas de "Mestre navegador": respectivamente, "Até quando?", "Quando o amor chegar" e "Bolero insano".
— Escolhi 14 músicas que dessem uma visão geral do meu trabalho e mostrassem minhas parcerias mais significativas — explica Dino.
Parceria com Elton Medeiros
Cronologicamente, a primeira canção da lista é apenas dele, "Canto do morro", de 1966, o mesmo ano em que atuou como violonista da montagem de "Morte e vida severina" com melodias do iniciante Chico Buarque. Com o escritor Eric Nepomuceno fez em 1968 "Monjolo", quinto lugar no Festival da Record do ano seguinte, vencido por "Sinal fechado", de Paulinho da Viola.
Quando retomou para valer as atividades musicais, em 1996, ganhou de Eduardo Gudin a letra de "Violão gentil", uma saudação a ele, também registrada agora. Em 2003 foi a hora de virar parceiro de Elton Medeiros, a quem conhecera em 1969.
— Eu já não o via há muitos anos e fui cumprimentá-lo depois de um show, em São Paulo — relata Dino. — Ele me perguntou: "E o nosso samba?". Levei um susto, pois nunca tínhamos falado disso, e ele, com aquele humor rápido, emendou: "Já sei. Você não faz samba com qualquer um".
Tornaram-se parceiros, e "Mea culpa" e "Amanhecer" — ambas em duo com Elton — estão em "Mestre navegador". A faixa-título é a caloura do repertório, composta em 2010 com Costa Netto, o letrista que é dono da gravadora Dabliú, responsável pelo CD. Adriana Godoy, que tem feito shows com Dino há 15 anos, canta quatro músicas e assina a produção do disco. Se depender do violonista, é apenas o primeiro.
— Já estou pensando no segundo. Repertório não falta. Tenho mais de cem músicas compostas e apenas cerca de 20 gravadas — anima-se ele, ainda sem data para se apresentar no Rio.


(Colaboração de Rubem Didini - EUA)

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